27 de janeiro de 2015

#CurlyGal: Meu pé na África

Gente linda do meu coração, como vão? Antes de tudo, assistam o vídeo que está rolando na internet, pois assim vocês vão entender o objetivo do post de hoje.
Minha amiga, Camila, viu e logo lembrou de mim e me mandou, por que né?!?! Quando assisti, fiquei muito comovida e vocês tem noção de quanto!? Como já estava querendo falar sobre isso aqui, achei que o vídeo seria uma ótima introdução ao assunto. Então fica meus agradecimentos a letrada que dividiu comigo essa lindeza ;*
Agora vamos ao que realmente interessa... Há algumas semanas, uma conhecida veio falar comigo por inbox perguntando sobre voltar aos cachos, conversa vai, conversa vem, e a Letícia resolveu cortar o longos cabelos alisados e descobriu um mundo cheio de cachinhos e de auto aceitação. (ainda faltam algumas pontinhas lisas, mas esses dias ela cortou boa parte do que restava.) Conversamos sobre tudo, inclusive sobre sociedade versus cabelo afro, e é sobre isso que quero compartilhar com vocês!

Apesar de sermos alforriados, continuamos aprisionados por uma sociedade que marginaliza os traços afros da população, e isso está muito implícito em todos nós, negros e brancos. Nós crescemos desejando o cabelo esvoaçante e liso das outras meninas da sala de aula, buscamos alcançar o tal cabelo em centenas de alisante e domadores de cachos para enfim nos sentirmos plenamente bonita e aceita pelas pessoas. Mas por que eu não posso ser bonita com meu cabelo natural? Onde começou essa busca pela beleza ideal baseada em alguém que não sou eu? Anos atrás, lá na época da escravidão, as escravas "alisavam" seus cabelos crespos para se parecerem com as europeias, ou seja, essa busca é muito mais antiga do que nós esperávamos, e de certa forma, está tão intrínseca na nossa vida, como uma doença, sempre buscando ser alguém, que não é quem nós somos! Por que eu tenho que negar a minha raiz africana no meu corpo? "Bonito é aquele que tem nariz fininho e arrebitado, cabelo liso na altura da cintura, de pele branca!!!!!!" Em algum momento seu inconsciente já pensou isso! Tivemos nosso cabelo puxado pra fazer um rabo de cavalo, relaxamentos passaram por nosso couro cabeludo, e sem contar as inúmeras chapinhas nos cachos. A verdade é que a mídia nos ignora, nos menospreza, e diversas vezes aceitamos e assumimos o papel que ela nos dá.... Essa "moda" que muitos chamam de assumir o cabelo "ruim" vai além da mudança capilar, está ligada a aceitação e valorização da cultura afro que é muito presente no Brasil. Quando isso vai mudar?? Participo de alguns grupos no facebook de cacheadas, e fico com os olhos brilhando com cada mamãe crespa que ensina aos seus filhos a amarem seus cabelos do jeito que eles são, pois é assim que aos poucos vamos mostrando para a nova geração que ser negro também é sinônimo de beleza.
Quando se fala de cultura afro temos um leque grande para discussão, inclusive as famosas cotas, digo isso como quem está dentro de uma faculdade federal que estudou em escola pública e negra, até hoje não tive um professor negro, e mesmo assim com as cotas, poucos são os alunos negros... Se sou a favor das cotas? Enquanto for necessário!! Se é por causa dela que tenhamos acesso a educação de qualidade e oportunidades melhores de vida, que assim seja!
E como todos aprendemos na escola, a população brasileira é a mistura de índios, portugueses e africanos, resumindo, todos temos um pé na África!
Espero que todos tenham entendido o que quis passar, não quis me estender pq se não ficaria aqui dias.... hehe
Beijos, Ju
Comentários
10 Comentários

10 comentários:

  1. Concordo com tudo. Eu não consigo achar sentido na expressão "cabelo ruim" ou "cabelo bom". É tudo cabelo, depende de como você vê, de como você usa. Se você não souber como se tratar com seu cabelo um liso vai ficar tão estranho e feio como qualquer outro tipo de cabelo. Isso vem da nociva cultura de tudo o que é de alguém é melhor. O post foi muito bom. De verdade.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Não tem sentido na expressão 'cabelo ruim'!! Exatamente, acho que cabelo ruim seria um cabelo que é cuidado, e não se ele é crespo ou cacheado. E quando esse alguém é europeu essa cultura ainda se torna mais forte.. ):
      Obrigada.
      Bjss

      Excluir
  2. Ainda não tinha visto o vídeo, achei puro amor! Acho super lindo cabelo cacheado, quando vejo a pessoa, vejo uma personalidade forte. Já tive várias amigas que não gostavam de seus cabelos e sempre alisavam, eu ficava muito triste. Achei lindo o seu texto e amei o post :)

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. O vídeo é puro amor mesmo, né?!
      Eu sempre achei bonito, mas era aquela de história de " mas em mim não!"
      Graças a Deus eu aprendi a me aceitar e entender que meu cabelo faz parte de mim!
      Obrigada, flor!
      Beijos

      Excluir
  3. Oi minha linda! Como eu entendo cada palavra que você colocou nesse texto. Entend, tenho discutido sobre essas questões quando surgem situações oportunas e até no blog já falei um pouco sobre iss, estou até fazendo um projeto que iniciará esse mês... Quanto aos cabelos, é identidade sim!!! Cultura!!! www.minhanegracor.blogspot.com.br

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá aline, concordo plenamente que o cabelo é identidade e cultura!
      E esse é um assunto que deve ser abordado cada vez mais, para que haja um pouco de conscientização entre as antigas e novas gerações de crespas/cacheadas.
      Beijossss e volte sempre!

      Excluir
  4. Sabe, Julia, concordo com td o contexto histórico q está por trás disso, no entanto, sobre a questão de alisar ou não o cabelo, em minha opinião, tem q estar ligada a sua auto estima, a ser quem vc quer ser e não se curvar a uma ditadura seja ela de cabelos lisos ou crespos. Já tive cabelos naturalmente crespos, hoje os tenho alisados por decisão própria, acho q devemos ser felizes da melhor forma q pudermos...

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. A questão não é alisar ou não, e sim se aceitar. Ninguém é obrigado a ter o cabelo crespo, somos livres pra fazer com a nossa imagem o que quisermos, mas não podemos perder a consciência da nossa identidade!
      Beijinhoss

      Excluir
  5. Muito bom o texto! Hoje a gente ouve tanto sobre ser feliz do jeito que somos, auto aceitação e tudo o mais... mas acho que é primeira vez que ouço falar dos cachos! Pelo menos, a primeira que escreve de uma forma também histórica e cultural.
    Eu acho simplesmente lindo cabelo afro, desses bem volumosos mesmo, cheio de cachinhos! E acaba sendo uma coisa de identidade também.
    Por outro lado... quando era mais adolescente fiz progressiva pela primeira vez. Quando vejo fotos do meu cabelo ondulado, sinto falta, mas acabei me acostumando com a comodidade de cabelo liso... Nunca tive muita paciência com ele, e o fato de sair de casa da mesma forma com que acordei faz mais parte do meu estilo de vida xD
    Enfim... por mais que quando comecei a alisar realmente foi porque todas as minhas amiguinhas estavam tendo (não tinham, ESTAVAM TENDO) cabelo liso, atualmente faço progressiva uma ou duas vezes por ano, por achar mais fácil. Mas o importante é se aceitar como é. Quando o interior da gente tá feliz, o exterior sempre transparece (:
    Beijos! *:
    https://pseudoaleatoriedade.wordpress.com/

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Mesmo que hoje seja por facilidade ou comodismo, começa com uma busca pelo padrão de beleza imposto pela sociedade. E como disse lá no post, isso tem mais tempo do que imaginamos.
      O cabelo faz parte da identidade, mas somos livres para fazermos o que quisermos com a nossa aparência, o que importa é ter a consciência da nossa identidade.
      Que bom que gostou!
      Beijos e volte sempre! ;*

      Excluir

Dúvidas, perguntas, criticas, elogios, opinião. Fique a vontade!